Dia 154 - A Carta

Meu Amor,

A tempos quero lhe escrever uma carta de amor.
A tempos quero lhe dizer o que sinto, como estou.
Quanto amor está dentro do meu peito, quanta dor.
Sabe Amor, faz tempo que não te vejo, escreva-me qualquer dia, diga um 'Alô', um 'Bom Dia'...
Noutro dia sonhei com nós dois, juntos, como quando nos 'conhecemos', era verão, muito calor, dia de sol, a música era alta e alegre, nunca esteve tão bonito como naquele dia, me perdi quando te vi e me encontrei no beijo que me roubou.
Todas as vezes, noites, dias, momentos, minutos que passamos juntos foram marcados por tudo aquilo que representou para mim. Percebe Amor, agora falo no passado, um verbo mal conjugado, mas, cada coisa no seu tempo e este é o tempo certo, do momento errado.
Te perdi, e como dói perder, olhar e não ver, falar para quem não está, passar por momentos sem nunca os concretizar, foi muito tempo assim.
Sempre quis te chamar de Amor, como quando colocamos a mão sobre o rosto de quem amamos e tentamos transmitir pela pele tudo que há de bom em nosso ser, chamar-lhe de Amor seria como fazer ecoar em palavras todo meu sentir, mas isso não importou, tenho certeza de que os gestos, a entrega também foram parte do amor que se manifestou.
Mas agora...a hora passou.
Lembra dos nossos encontros? Gostoso, fogoso, me realizava, mesmo sabendo que seu corpo era um templo que, muitas vezes, outra visitava, mas naquele momento, quando estava ao meu lado, era só eu e você, num 'nós' cadenciado, nada ensaiado, perfeito.
Meu Amor, não fique triste, ainda há muito amor onde você deixou, ainda há muito o que viver nos lugares que não iremos e ainda assim sempre existiremos, no passado, para sempre gravado em nossa história.
Lá onde fomos eternos namorados, lá serei pra ti a única mulher, lá faremos amor como nunca fizemos, lá ficaremos juntos, para sempre, no passado.
Este é meu presente para nós. Dias e noites de amor sem 'nunca mais', sem 'adeus', um passado onde eu lia em seus olhos o amor que sentia, um passado onde diante de mim me dizia o quanto me queria, um passado que para sempre estará guardado no mais belo de nós, um passado onde eu não existia, onde você não existia, onde nós dois nos descobríamos a cada dia.
Então, que seja assim a vida...chegadas e partidas, que o fim seja apenas um novo começo e que meu amor, seja tudo que de bom cultivo em mim e que eu mereço.
Por isso, Amor, de bom grado lhe dou, a última flor, do nosso jardim, que no passado se congelou, através desta carta que nunca recebeu, mas que agora lhe ofereço com todo o amor de um Fim até o Começo.

Comentários

Elvira Carvalho disse…
Uma bela carta. Um poema feito prosa no encanto das palavras encadeadas de sentimento. Muito bonito. Parabéns,
Um abraço
Anônimo disse…
Putz acho que foi por causa da greve dos correios que não recebi a carta !! Ou será que não era pra mim? rssss. Ass: Lagartixa