Dia 190 - Ela
Quando ela nasceu sua mãe emocionada contou cada dedinho para ter certeza de que era perfeita, de que não lhe faltava nada, deu-lhe um nome de significado, desejou-lhe as maiores felicidades e sorriu satisfeita, cheia de orgulho de sua obra mais perfeita. Porém, foi quando começou a compreender o que lhe diziam que sua mãe lhe disse o que tanto queria, desejava para ela tudo que nunca pode ter e que fosse suficiente para si, não dependesse de ninguém para sobreviver. A menina desde cedo então colocou-se a passos firmes nas instruções, sempre boa aluna, dedicada em suas tarefas, questionadora e observadora. Formou-se, começou a trabalhar, estudou no estrangeiro, todos os seus amores eram passageiros, ela tinha sempre algo a conquistar e aquele não era tempo de amar. Todavia, sempre que se colocava a pensar divagava nas suas emoções e cavalgava sob o luar, tinha também ilusões, desejos e muitas contradições que tentava da melhor maneira administrar.
A menina cresceu, mulher forte, determinada, não dependia de ninguém para seu sustento e praticamente nada, era bonita, inteligente, culta, sempre com ar sorridente, porte elegante ao andar, chamava sempre a atenção por onde passava, um ar de mulher determinada que tanto atraia quanto afastava, mas ela era a mulher do seu tempo. A profissional forte e equilibrada. Cabelo impecável, sempre arrumada, cheirosa, roupas maravilhosas, mas, um vazio que antes era pequenino agora aumentava.
Ela lia muitas histórias, começou cedo lendo contos de fadas, quando ainda sonhava com príncipes e castelos, quando ainda não tinham lhe dito que aquilo nada significava. Hoje ela lia jornais, revistas de economia, estava sempre antenada, as vezes uma revista de moda, mulher moderna não pode ficar desatualizada. Ela sofria com estresse e muitas vezes se cansava, comia chocolate na TPM, ouvia música romântica na madrugada, por vezes se pegava a admirar a lua imaginando que alguém, em algum lugar, também a admirava, mas logo afastava esses pensamentos pois tivera muitos momentos com homens interessantes mas que com ela só queriam uma balada.
E assim a moça de nome importante foi se dando conta da sua vida moderna e aquilo em nada a alegrava, sentia que tinha tudo que o mundo dizia correto, porém, o que era certo? – a si sempre questionava. Tentava dormir, mas um vazio, que não era fome, a incomodava. Rolava na cama sentindo o frio de uma noite longe e desacompanhada.
E o mundo que antes dizia, assim como sua mãe desejou pra si um dia, que ela tinha de ser uma mulher independente, e não carente, a entristecia. Aquele mundo que fazia questão de ser diferente era, apenas, um mundo aparente que vivia de sua própria utopia desgovernada. E o muito, não era bastante, as coisas que conquistou já não lhe admirava, sua atenção não era como antes e agora apenas para sua flor ela olhava admirada.
A flor que antes era apenas um detalhe na decoração de seu belo apartamento, agora tornara-se referência de sua nova caminhada, a bela moça moderna e descolada sonhava ser namoradeira e esperar seu príncipe numa sacada, como suas tias, suas avós e até sua mãe sonharam. Na verdade ela não sabia que muitas mulheres um dia sonharam em ser namoradeiras e muitas de fato esperaram em suas sacadas, algumas conquistaram os seus príncipes outras se desiludiram e secaram na estrada.
A moça que lia livros sobre feminismo, que dizia que a Bela Adormecida não era um mero conto de fadas, agora queria ser donzela e aos poucos ser conquistada.
Foi então que sem culpa e nem medo, sem preocupação ou apego, pensando no nome que recebera que ela lembrou-se de sua mãe, que a muito havia partido, lembrou-se também que sua promessa já havia se cumprido, lembrou-se de regar a flor e colocar um vestido florido, lembrou-se de estar feminina e que ficar só não era sua sina, poderia mudar sempre seu destino. Lembrou-se que queria amar e ser amada, queria partilhar todo o conhecimento de sua jornada, queria uma flor que nascesse de si, como um dia nascera de sua mãe amada, queria ser mais uma, uma mulher, com desejos e não com as obrigações dessa vida moderna e complicada. Queria ser mais simples, deixar um pouco de lado todas as suas contradições, estava cansada, queria um beijo, fazer amor de madrugada, loucuras de paixões, queria escrever na sua história palavras de amor, sentir bater mais forte seu coração, uma mulher inteira, sem pudor...
De fato, uma Eva no Éden de um outrem.
A menina cresceu, mulher forte, determinada, não dependia de ninguém para seu sustento e praticamente nada, era bonita, inteligente, culta, sempre com ar sorridente, porte elegante ao andar, chamava sempre a atenção por onde passava, um ar de mulher determinada que tanto atraia quanto afastava, mas ela era a mulher do seu tempo. A profissional forte e equilibrada. Cabelo impecável, sempre arrumada, cheirosa, roupas maravilhosas, mas, um vazio que antes era pequenino agora aumentava.
Ela lia muitas histórias, começou cedo lendo contos de fadas, quando ainda sonhava com príncipes e castelos, quando ainda não tinham lhe dito que aquilo nada significava. Hoje ela lia jornais, revistas de economia, estava sempre antenada, as vezes uma revista de moda, mulher moderna não pode ficar desatualizada. Ela sofria com estresse e muitas vezes se cansava, comia chocolate na TPM, ouvia música romântica na madrugada, por vezes se pegava a admirar a lua imaginando que alguém, em algum lugar, também a admirava, mas logo afastava esses pensamentos pois tivera muitos momentos com homens interessantes mas que com ela só queriam uma balada.
E assim a moça de nome importante foi se dando conta da sua vida moderna e aquilo em nada a alegrava, sentia que tinha tudo que o mundo dizia correto, porém, o que era certo? – a si sempre questionava. Tentava dormir, mas um vazio, que não era fome, a incomodava. Rolava na cama sentindo o frio de uma noite longe e desacompanhada.
E o mundo que antes dizia, assim como sua mãe desejou pra si um dia, que ela tinha de ser uma mulher independente, e não carente, a entristecia. Aquele mundo que fazia questão de ser diferente era, apenas, um mundo aparente que vivia de sua própria utopia desgovernada. E o muito, não era bastante, as coisas que conquistou já não lhe admirava, sua atenção não era como antes e agora apenas para sua flor ela olhava admirada.
A flor que antes era apenas um detalhe na decoração de seu belo apartamento, agora tornara-se referência de sua nova caminhada, a bela moça moderna e descolada sonhava ser namoradeira e esperar seu príncipe numa sacada, como suas tias, suas avós e até sua mãe sonharam. Na verdade ela não sabia que muitas mulheres um dia sonharam em ser namoradeiras e muitas de fato esperaram em suas sacadas, algumas conquistaram os seus príncipes outras se desiludiram e secaram na estrada.
A moça que lia livros sobre feminismo, que dizia que a Bela Adormecida não era um mero conto de fadas, agora queria ser donzela e aos poucos ser conquistada.
Foi então que sem culpa e nem medo, sem preocupação ou apego, pensando no nome que recebera que ela lembrou-se de sua mãe, que a muito havia partido, lembrou-se também que sua promessa já havia se cumprido, lembrou-se de regar a flor e colocar um vestido florido, lembrou-se de estar feminina e que ficar só não era sua sina, poderia mudar sempre seu destino. Lembrou-se que queria amar e ser amada, queria partilhar todo o conhecimento de sua jornada, queria uma flor que nascesse de si, como um dia nascera de sua mãe amada, queria ser mais uma, uma mulher, com desejos e não com as obrigações dessa vida moderna e complicada. Queria ser mais simples, deixar um pouco de lado todas as suas contradições, estava cansada, queria um beijo, fazer amor de madrugada, loucuras de paixões, queria escrever na sua história palavras de amor, sentir bater mais forte seu coração, uma mulher inteira, sem pudor...
De fato, uma Eva no Éden de um outrem.
Comentários
Beleza não é, inteligência também não, vontade já tem, então? Será que os homens de Vitória são cegos?
Um abraço e não desista, Um dia deles para um príncipe debaixo da janela...
Deixo um abraço e a saudade