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Mostrando postagens de julho, 2023

Dia 498 - A arte é ser você

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Já escrevi isso antes e me questionei inúmeras vezes a minha necessidade de escrever. Parei com isso. Agora apenas escrevo... Este despir-se, às vezes, despudoradamente, exercita nossa coragem. Em geral, nos vestimos mais que nos despimos... Porém, tenho prazer em estar "nua"... Não estou tratando do sentindo literal ou erótico da palavra, embora, estar nu em qualquer sentido, ao meu olhar, é sempre erótico, uma ousadia diante de filtros e ilusões que criamos para viver nosso dia a dia. Mas há uma libertação em "despir-se"... É tanta roupa que acumulamos que não caberia num palácio, é tanta roupa para corpos tão pequenos e frágeis, que precisam ser amados... Despimo-nos para dar amor... Vestimo-nos para sermos amados, isso cansa... E como "vivo cansada", sinto necessidade de estar 'nua' em minhas palavras e compartilho porque estamos imersos numa legião de cansados, vestidos ou não... A única coisa que me propus é não me importar com a opinião alhe

Dia 497 - Das histórias que não contamos

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Das histórias que não contamos, as lágrimas que não deixamos rolar, a dor de cada momento, a ferida que demora cicatrizar... Das histórias que não contamos, os sorrisos que colhemos e entregamos, as palavras que não nos deixam cair, o amigo que partilha seu dia, o pai e a mãe que te sustentou um dia, os filhos que não te deixam desistir... Das histórias que não contamos, as guerras internas que travamos, os amores que chegam e partem, aquilo que fica e vamos levando, nos apropriando, depois de tantos enganos, de alguma dignidade... Das histórias que não contamos, do quanto sonhamos ou não, das conquistas à base da nossa exaustão, da privação e da ansiedade... De ter chegado até aqui e ainda conter em si alguma sanidade... Das histórias que não contamos, humilhações e reconhecimentos, a verdade e a falsidade, a dualidade que parece tormento, mas que pode ser lição e oportunidade... Por detrás de toda história que não é contada uma vida, de tudo ou nada, parida e nem sempre vivida, que n

Dia 496 - The Blue Bird

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Meu filme favorito chama-se 'The Blue Bird', com Shirley Temple, de 1940. Ele retrata a história de duas crianças, irmã e irmão, que saem através do tempo (passado, presente e futuro) em busca da felicidade que perderam, que no filme é representada por um pássaro azul. Um pássaro que eles acham terem perdido e que se reencontrarem tudo voltará a ficar bem. E não é assim que agimos?! E não é assim que pensamos?! O interessante é que o filme se inicia em preto e branco e quando eles iniciam a jornada ele fica colorido. Enquanto eles o buscam, descobrem o mundo e se surpreendem com as pessoas e com aqueles que mais confiam, a gata e o cachorro que a fada transformou em humanos para os ajudar na trajetória... Este filme tem 83 anos e para mim é uma obra prima ainda hoje, porque ele retrata a motivação do homem na busca do que considera ser a sua felicidade, o seu pássaro azul, sem dar-se conta de que nós somos a sua gaiola e também a sua libertação. Às vezes perdemos, nos perdemos

Dia 495 - É seu este eu te amo

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'É seu este eu te amo' e não tenho por quê explicar, se algum dia precisar fazê-lo não será amor, mas, apenas zelo o que tenho para lhe dar. Por isso escrevo, me entenda, toda palavra do bem é amor que se dá... Dar não é receber, é simplesmente entregar porque se acredita valer a pena. É como plantar a semente que se ganha e, às vezes, constatar que ela jamais nascerá naquele lugar onde fora plantada ou você não a verá crescer ou frutificar... Noutros, ela germina e ali o sentido se faz apenas por ser o que se é e nada mais. 'É seu este eu te amo' porque lhe entreguei a semente, mas, não a minha capacidade de seguir em frente, independentemente do que escolher fazer com este presente. Há uma linha tênue que ultrapassada define o que não nos pertence, e todos a conhecemos, embora negamos o fato da sua existência por conveniência. Uma vez que o eu que pense, diga ou faça não muda nada, a linha já fora traçada, então, só posso dizer que o lhe dei é seu eternamente e jama

Dia 494 - Onde eu também sou você

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Minha avó tem um jardim, e ela conhece cada plantinha que lá está, dia a dia ela o rega mesmo nos seus 93 anos, ela tira as lagartas das folhas, cuida da terra, arranca as ervas daninhas, cria apoio para alguns caules frágeis... Às vezes ela faz escolhas difíceis, arranca alguma planta, aparentemente saudável, para dar lugar a outra, pois no seu entendimento existe uma ‘seleção natural’... Nunca saberei, se com o tempo esta decisão sempre pesa em seu coração ou se depois, de tanto arrancar algumas raízes, se acostuma com a dor... Eu costumava matar plantas por excesso, de sede ou afogadas, escolhia somente aquelas que, apesar da minha falta de atenção, iriam sobreviver até que eu lembrasse de regá-las novamente. Mas, um dia até a planta mais forte morreu e quando me dei conta percebi que eu e ela tínhamos muito em comum... Parece clichê dizer que o ser humano é como uma planta, que relacionamentos são como plantas, mas, não é. O clichê é ordinário, mas, pessoas e relacionamentos, assim