Dia 498 - A arte é ser você

Já escrevi isso antes e me questionei inúmeras vezes a minha necessidade de escrever. Parei com isso. Agora apenas escrevo... Este despir-se, às vezes, despudoradamente, exercita nossa coragem. Em geral, nos vestimos mais que nos despimos... Porém, tenho prazer em estar "nua"... Não estou tratando do sentindo literal ou erótico da palavra, embora, estar nu em qualquer sentido, ao meu olhar, é sempre erótico, uma ousadia diante de filtros e ilusões que criamos para viver nosso dia a dia.

Mas há uma libertação em "despir-se"... É tanta roupa que acumulamos que não caberia num palácio, é tanta roupa para corpos tão pequenos e frágeis, que precisam ser amados... Despimo-nos para dar amor... Vestimo-nos para sermos amados, isso cansa... E como "vivo cansada", sinto necessidade de estar 'nua' em minhas palavras e compartilho porque estamos imersos numa legião de cansados, vestidos ou não...
A única coisa que me propus é não me importar com a opinião alheia, aquela que tenta definir, ninguém pode te definir, porque ninguém te conhece totalmente. E este direito todos nós temos.
Seja você, vista o que quiser, fique nu(a), faça suas escolhas, toque, cante, dance, escreva, pinte...
Mas seja você!
Eu, me propus amar assim, não quero amar a mim mesma em ninguém, você é você, singular e perfeitamente imperfeito(a)... E este ser único, seja eu ou você, merece ser amado como é e respeitado.
Então, esta sou eu, não posso ser outra. Rasgo o peito, as vezes a alma, as vezes o papel, as vezes, ligo o foda-se... E muitas vezes escrevo. Essa é minha dança em torno da fogueira, meu equinócio, minha transformação, minha Arte... A minha humanidade, só isso e muito mais...
Não estou certa ou errada, só nua...
Como disse Ferreira Gullar:
"A arte existe porque a vida não basta".
Escrever é minha Arte... Mas não espero, e nem desejo, que minha humanidade te baste... Espero que encontre a sua nudez...
A Arte é Ser você.
E um dia, se for pra ser, nos acasos que não existem, nos encontramos "nus" por aí... ou passaremos despercebidos bem vestidos.

GeoSRS



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