Dia 430 - Interlúdio


Num instante, a chuva...

Nos molhamos tão pouco...
Há tanto por dizer sem que as palavras se interponham entre os gestos...
Há tanto por descobrir além do que julgamos saber...
Há tanto, tanto a fazer...
Escrevendo em folhas surreais, onde não se contam as horas e os dias nunca são iguais.
O que dá sentido ao silêncio?
Talvez, seja o mesmo que dá as palavras alguma importância...
O próprio pensamento?!
A motivação na ausência da nossa própria voz?!
Mais a presença gritante de um sentir, tantas vezes, amordaçado...
O que se vê além do que os olhos podem alcançar?
Ilusões, apenas o que o coração criar?!
Num instante, a chuva...
No interlúdio entre passado e futuro...
Apenas, gotas em janelas fechadas criando desenhos abstratos, que num instante fazem tanto sentido e noutro não existem.
Escorrendo frágeis, tal qual a lágrima, meiga, serena, do olhar que chove e sofre por não conter em si a palavra impotente, que se entrega e morre...
Neste instante, o silêncio...
E na chuva o consolo da cumplicidade.

_Geo SRosa_


Comentários

Elvira Carvalho disse…
Tão bonito e tão triste Geo.
Espero e desejo que os seus poemas sejam apenas inspiração poética e não tristeza de alma.
Abraço