Dia 479 - A vida sempre acontece

Sempre gostei de janelas, de todas elas...

As do olhar, da inspiração, da alma, não importa.
Minha mãe tinha um caderno cuja capa eu adorava. Era a capa mais linda que havia visto, muitas janelas e em cada uma delas uma cena do cotidiano.
Uma senhora que tira o pó da sua vassoura, outra que lhe percebe a falta de educação numa janela abaixo, e sisuda olha para cima em repreensão.
Um gato a descansar, um olhar apaixonado em alguma direção. Vidas que compartilham um mesmo "tempo", mas, cada qual numa situação.
Ainda hoje me pego a pensar nas muitas janelas que existem por aí e pergunto-me: O que se passa por lá?! Seria o mesmo que se passa aqui?!
Hoje há uma grande dificuldade em aceitar/ver que por trás de muitas janelas existem pessoas afins em condição humana, mas, em diferentes realidades.
Que o "pó da vassoura" pode ser o pó da nossa visão. Que a senhora sisuda pode sentir solidão. Que o gato tem fome de carinho mais que ração, que seu dono ocupado não tem nem o cuidado com seu próprio coração. Que a moça suspira na sua ilusão...
Somos como uma grande construção, com janelas voltadas ao Sol e outras não, de muitas portas trancadas e poucas abertas. De cenas, contraditoriamente, mais expostas que privadas, somos aos olhos do passante apenas o que deixamos que vejam, seja verdade ou não.
No entanto, neste corpo que temos como lar, onde inexorável tantas vezes está o olhar, cabe a cada um a manutenção dessas janelas e portas, o que podemos entregar, mais que o pó de "nossas vassouras", e o que deixaremos entrar desta terra de oportunidade transitória, porque, aceitando ou não, escolhemos e...

A VIDA SEMPRE ACONTECE!

GeoSRS



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