Dia 491 - O Irrepetível

Quando eu era criança eu colecionava "coisas"... Quando eu achei que cresci continuei acumulando "coisas"... Eu não via o tempo e ele só me observava enquanto as "coisas" se acumulavam...

"Coisas" sufocam pessoas.
Pessoas transbordam porque não comportam seus acúmulos...
E ficamos cansados e densos.
Depois... Quando nos damos conta, concluímos que nos tornamos excessivos e que crescer nos trouxe uma necessidade de estarmos cheios...
Andei pensando que há coisas que uma vez estendidas não voltam ao tamanho original,
Mas, um dia eu perdi o sono...
E olhei pela janela e reparei que a claridade havia mudado de tom... Tinha matizes que eu não vira porque estava cheia demais... Com coisas na minha cabeça,
Respirei fundo, diante de algo maior do que eu e que também acumulava, mas, era beleza e intensidade...
E lembrei-me de quando era criança e de quando ainda crescia.
Eu achava que não poderia mais crescer, no entanto, estava errada.
De alguma forma eu também acumulei uma capacidade de ser mais forte... De sentir mais forte...
A intensidade também me pertencia.
Eu agora via o Tempo e ele, assim como eu, também contemplava o irrepetivel... Num solene silêncio, pois apenas aos pássaros e aos anjos cabe a canção do que é infinito...
Foi assim que voltei a crescer, com o olhar de quem se reconhece pequeno...
Com o olhar da criança e não do "adulto" acumulado e denso...
Agora, eu "coleciono" Amanheceres...
Uma coisa que não podemos acumular...
Nós e nem o Tempo.

Texto e Foto GeoSRS



Fotos__________________GeoSRS

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