Dia 384 - As areias do tempo
Achando que tudo que há de errado é culpa do vizinho. Está do outro lado.
Estamos rodeados de rancor e mágoa, inundando a alma com coisas sem importância.
Não partilhamos abraços, não temos tempo. E nos habituando a não recebê-los.
Não partilhamos sorrisos, banalizamos os beijos...
Estamos muito preocupados, com nós mesmos...
Não partilhamos nada, nem os nossos medos, nos assolando em solidão e desespero.
Julgamos o outro o medindo por nós mesmos...
Falta-nos compaixão para compreender o próximo.
Estamos nos acostumando...
Nem sequer percebemos o céu e lamentamos a chuva, como algo desagradável aos nossos planos. Não molhamos mais os pés, estamos secos.
Ficou para as crianças resolverem no futuro...
E o nosso tempo é contado em saudade...
Simplesmente, não temos tempo.
Fica o peso de tudo que nos negamos e justificamos como sendo o que o mundo tem a nos oferecer, nos esquecendo da generosidade da Terra.
E o hoje vai passando... Passou...
E com ele o nosso presente, a chance do nosso futuro...
Estamos cerceando as possibilidades,
E contabilizamos o incomensurável...
Banalizamos a essência e a razão da nossa existência...
Perdendo a sapiência...
Morrendo, aos poucos,
Alimentando a fome, mergulhados na hipocrisia e intolerância.
Esquecendo-nos de nossa ‘significância’...
Enlouquecendo, tentando controlar e deixando escapar por entre os dedos...
O que não se detém...
As Areias do Tempo, o curso da própria Vida.
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