2025 - Epilogo de Ano Novo
A caminho de mais um dia, de mais um ano… No trilhar de histórias cruzadas, sem enganos nem acasos… Tudo, tudo o que fica é vida.
Sentada, mentalizo meu desejo mais profundo de paz: a cena seria ela, sentada na areia, diante do mar, e o único som seria o das ondas quebrando — um ir e vir de alento, de silêncio interior, de fazer de conta.
Partilho essa cena como quem partilha pão; não se nega pão nem água. Então por que nos negamos a paz almejada? Malditos desejos! Mas, se não fossem eles, morreríamos — porque é impossível viver sem desejar a vida.
Então compreendi as palavras que ouvi há muitos anos. Ele me disse que não somos livres. Eu discordei. Mas, para quase tudo aquilo que pensamos saber, somente o tempo traz, de fato, as respostas — se fizermos as perguntas certas.
Nessa divagação com direito a retrospectiva e às filosofias de ano novo, entrego-me ao desejo novamente. Sem licença, desejo e desejo, como quem bebe água salgada. Lembrei-me de um poema de Miguel Torga. Eis o trecho:
"Não perturbes a paz que me foi dada.
Ouvir de novo a tua voz seria matar a sede com água salgada."
Mas eis a natureza humana: desejar a sede mais do que a água.
Estarão erradas essas palavras?
Estou apenas a desejar estar diante do mar.
Estou apenas a despedir-me do que passou, com o amor que consigo dar. Não é muito, eu sei… mas precisamos seguir em frente.
Fazer — é tudo o que podemos fazer.
E este grão de areia, no qual reservo o meu mar, junta-se a outros milhares para esperar este ano chegar… enquanto explodem os fogos felizes por, enfim, cumprirem o seu maior desejo: iluminar o céu feito estrelas.
GeoSRS
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