Dia 401 - Vem Amor

Vem aqui Amor, andamos tão cansados! Vamos tirar essa roupa de ‘atores’ do dia encharcados... Vamos apenas sentar, com duas xícaras de chá e biscoitos amanteigados... Rir de nós mesmos, falar sem passado... Assim como quem nada tem a provar, desnecessários a qualquer justificativa ou fato plausível. Vamos pegar na mão do outro, quem sabe prosseguir pra algo também gostoso, dedilhar em nós essas trilhas que despertam sorrisos e prazeres. Gosto, particularmente, do simples, talvez, por me achar complexa, as vezes, intensa demais... Cansa o peso da ânsia... Gosto de quem me vê sem a forma aceita e amo quem assim me ama. Sabe Amor, não tenho beleza, só carne emprestada, sangue, diamantes de sal e Asas de Ícaro. Gosto de manhãs em tons de púrpura, tardes em tons de laranja, noites de estrelas, silêncio da madrugada e também o barulho da chuva no telhado das casas... De conversar na cama, esfregando meu pé no seu... e quando não posso, no meio da noite, te procuro, como criança que não quer estar sozinha... buscando a certeza na escuridão... Quando está frio adoro ‘conchinha’ e quando está quente me espalho, não tenho lugar. Vem Amor, fica aqui no meu infinito de coisas simples... na casa que fiz pra nós dois... Está meio bagunçada, mas, eu arrumo depois... Sinta o cheiro dos livros, de comida sendo preparada, de amor acabado de fazer... Gosto de te ouvir, e vais rir, mas adoro quando fala ‘verde’, acho lindo! Saiba que vou te pedir para dizer ‘verde’ pra mim, muitas vezes! Nunca conseguirei pronunciar essa palavra como você e isso é perfeito... Como todas as nossas diferenças a nos completar, nos encaixar um no outro... É assim que somos daqui, deste lado do mar Assim vou adoçando o sal Ao tempero do amor que preparo para nosso jantar.
Vem Amor, senta aqui perto de mim, este é seu lugar! Depois eu lavo a louça... 
Mas, só depois de te amar!


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